Ainda estamos no Tempo Pascal, na
5ª Semana da Páscoa.
Vamos ler e meditar nesta Homilia de São João Crisóstomo.
Adão e Cristo, Eva e Maria
Viste que vitória admirável? Viste os magníficos prodígios da cruz?
Posso dizer-te alguma coisa ainda mais admirável?
Ouve o modo como se deu a vitória e então ficarás sumamente maravilhado. Cristo venceu o diabo valendo-se dos mesmos meios com que este tinha vencido e, tomando as mesmas armas que ele tinha usado, derrotou-o. Ouve como o fez.
A virgem, o lenho e a morte foram os sinais de nossa derrota.
A virgem era Eva, pois ainda não conhecera homem; o lenho era a árvore; a morte, o castigo de Adão. E eis que de novo a virgem, o lenho e morte, que foram sinais de nossa derrota, se tornaram sinais de nossa vitória. Com efeito, em vez de Eva está Maria; em vez da árvore da ciência do bem e do mal, o lenho da cruz; em vez da morte de Adão, a morte de Cristo.
Vês como o demônio foi vencido pelos mesmos meios com que vencera?
Na árvore, ele fez Adão cair;
na árvore, Cristo derrotou o demônio.
A primeira árvore conduzia à região dos mortos;
mas a segunda fez voltar até mesmo os que haviam descido para lá.
Do primeiro homem, já vencido e nu, se escondera entre as árvores; Cristo, porém, vitorioso, se mostra a todos, também nu, no alto de um lenho.
A primeira morte condenou os que nasceram depois dela; mas esta morte ressuscitou até mesmo aqueles que nasceram antes dela.
“Quem contará os grandes feitos do Senhor” (Sl 105 (106),2).
Por uma morte, nos tornamos imortais: são estes os magníficos prodígios da cruz.
Compreendeste a vitória? Compreendeste o modo da vitória?
Ouve agora como esta vitória foi alcançada, sem o nosso trabalho e suor.
Nós não ensanguentamos as armas, não estivemos no combate, não fomos feridos nem vimos a luta; no entanto, alcançamos a vitória. O combate foi do Senhor e a coroa foi nossa. Ora, como a vitória também é nossa, imitemos os soldados e cantemos hoje, com vozes alegres, os louvores e cânticos da vitória.
Digamos, louvando o Senhor: “A morte foi tragada pela vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Onde está o teu aguilhão? (1Cor 15,54-55).
Todas essas coisas maravilhosas nos foram obtidas pela cruz. A cruz é um troféu erguido contra os demônios, uma espada levantada contra o pecado, espada com a qual Cristo traspassou a serpente; a cruz é a vontade do Pai, a glória do Filho Unigênito, a exultação do Espírito Santo, a honra dos anjos, a segurança da Igreja, o regozijo de Paulo, a fortaleza dos santos, a luz da terra inteira.
(De coemeterio et de cruce, 2: PG 49,396 – Século IV)
A cruz é a vontade do Pai, a glória do Filho Unigênito, a exultação do Espírito Santo, a honra dos anjos, a segurança da Igreja, o regozijo de Paulo, a fortaleza dos santos, a luz da terra inteira.
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